terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mercado Municipal de Brasília





Na flor dos seus 45 anos, Brasília ganhou merecidamente o seu Mercado Municipal, mas a história vem de longe. Começa lá no bairro de Les Halles em Paris, onde o Mercado projetado por Baltard e demolido em 1968, dando lugar ao um moderno centro comercial, foi fonte de inspiração para artistas e arquitetos em diversos países.

Após várias experiências em suas colônias, franceses e ingleses desenvolveram a tecnologia das grandes estruturas de ferro fundido. As características, que certamente marcam este tipo de construção, são a sua portabilidade e as criações de ornamentos com o ferro fundido. Assim, vários projetos com essa técnica facilitaram o desenvolvimento da Art Nouveau.

Aqui no Brasil a primeira réplica foi em 1875, o Mercado São José do Recife. Em seguida veio o de Manaus, em 1882, e por último, o Mercado de Ferro de 1896,em Fortaleza, que hoje está desmembrado em dois. A parte mais conservada encontra-se no centro da capital cearense, o conhecido Mercado dos Pinhões.

A Capital Federal também abriu espaço em sua mais antiga avenida comercial para que o velho e o novo se encontrassem. É o Retrocesso Modernizante. São Grades, portões, arcos, vitrais, muitos com mais de 100 anos vindos da Inglaterra, São Paulo, Rio de Janeiro, Santos, convivendo com estruturas de ferro modernas e arejadas. Possibilita a convivência e o diálogo harmonioso dos azulejos de Athos Bulcão, o mais brasiliense dos artistas, com peças pertencentes aos antigos casarões da Avenida Paulista, que expressavam à época, enquanto conjunto arquitetônico, o apogeu da Art Nouveau no Brasil.

Se o traço do arquiteto Álvaro Abreu buscou neste projeto um elo histórico com a arquitetura da Cidade Luz, foi nas feiras, mercados e, mais precisamente, no Mercado da Cantareira que os cheiros e os sabores para o projeto foram encontrados.

Associados a pequenos empresários familiares, há mais de quarenta anos no Mercadão de São Paulo, nasceu aqui um pedaço nostálgico do sonho integracionista de JK, onde todos os descendentes brasileiríssimos dos portugueses, italianos, espanhóis, árabes, japoneses, africanos e índios, fazem deste espaço a Terra Brasilis.

O escritor Émile Zola chamou o Les Halles de “o ventre de Paris “, onde se negociavam comidas e bebidas dia e noite. Aqui não é diferente, o mercado funciona até às 22h, mas nosso bar fica aberto, para não contrariar o escritor nem os seus muitos leitores, das 8h até o último cliente.

Venha desfrutar dos nossos produtos da melhor origem – queijos, bacalhau, carnes, peixes, pães, frutas, verduras, pastéis, azeites, entre outros, e convide os amigos para participar, também, deste sonho. Afinal, os sonhos não envelhecem.

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